Um roteiro com construções históricas, lagos de belas paisagens, uma estupenda cadeia de montanhas cercada de vales verdes e a mais cosmopolita cidade da Itália – que nunca sai de moda.
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A Praça do Duomo em Milão, na Lombardia, e as Dolomitas em Selva di Val Gardena, em Trentino-Alto Adige (fotos: Shutterstock)
Começamos nossa viagem por Bérgamo em alto estilo: um jantar tipíco com degustação de vinhos locais. No dia seguinte, conhecemos a cidade, um tesouro no Norte da Itália. Fundada em 49 a.C., ela está dividida em duas partes principais, a Cidade Alta e a Cidade Baixa, conectadas por um funicular e trilhas. Acompanhados de um guia local, fazemos um tour pela Città Alta, porção antiga de Bérgamo localizada no alto de uma colina. Conhecido pelas ruas pavimentadas de pedras, rodeadas por muralhas venezianas, o bairro abriga as praças Duomo e Vecchia, além da grande Capela Colleoni. Construído no século 15, esse templo conta com fachada decorada de mármores vermelho e branco e uma cúpula com lindos afrescos do século 18, pintados por Tiepolo. O passeio termina num restaurante tradicional, onde provamos a polenta bergamasca, típica desta área.
Vista geral da Città Alta e detalhe de suas torres. Abaixo, a Praça Vecchia e a Capela Colleoni (fotos: 1- Wikimedia Commons, Hozinja; 2- Flickr, David Spender; 3- Wikimedia Commons, Andrj15; 4- Wikimedia Commons, Paolo da Reggio)
Nosso programa do dia seguinte é um encontro com a natureza exuberante do Lago d’Iseo. Faremos uma parada lá para admirar o panorama dessa região, repleta de vilas charmosas e tranquilas. Em seguida, continuamos o passeio até Franciacorta, zona vinícola responsável por alguns dos grandes espumantes da Itália e do mundo. Elaborado de forma similar à do champanhe, o franciacorta padrão é obtido pelo método champenoise (segunda fermentação na garrafa) e com uvas de origem francesa (chardonnay, pinot noir e pinot blanc). No percurso pela região, fazemos um almoço que inclui uma deliciosa degustação de queijos locais.
Vistas de um trecho do Lago d'Iseo e de uma de suas ilhas, a de Loreto; taças com espumante franciacorta (fotos: 1- Wikimedia Commons, Palabras; 2- Wikimedia Commons, Raimond Spekking; 3- Shutterstock)
Nesse ponto do roteiro, entramos na região do Trentino-Alto Adige. E começamos pela capital da região, Trento, sede da primeira cervejaria italiana, a Theresianer, fundada em 1766. Lá, reservamos um tempo para passear pelo elegante centro da cidade, repleto de história. Parte dela está ligada ao Castelo do Buonconsiglio, que nasceu como uma fortaleza defensiva no século 13, tornou-se residência do principado episcopal a partir do século 16 e marco simbólico da resistência italiana contra o Império Austro-húngaro já no século 20. Neste dia, temos almoço típico em Trento e jantar com pratos locais em Bolzano, nossa próxima parada.
O Castelo do Buonconsiglio e uma rua de Trento, capital da região (fotos: Pixabay, The Ujulala e Krisztina Farkas)
Outra referência da região, a cidade de Bolzano é conhecida pelas suas construções de estilo alemão e pelas evidentes marcas de quatro séculos de domínio austríaco. Após um passeio pela região central, seguimos para a vizinha Merano, com tempo livre para caminhar pelas suas charmosas passeggiate, trilhas pavimentadas com muito verde no entorno. Antes de voltar para Bolzano, fazemos um almoço com degustação de frios locais, como o speck, presunto cru salgado, temperado e levemente defumado.
Rua central de Bolzano; o Kurhaus, um centro de eventos em Merano, e uma das passeggiate da cidade (fotos: 1- Flickr, MarcCooper_1950; 2 e 3- Flickr, Leo-setä)
Símbolo da região de Trentino-Alto Adige, as Dolomitas merecem um dia de contemplação sob vários ângulos. Trata-se de um conjunto montanhoso nos Alpes Orientais italianos, com uma pequena porção em território austríaco. É um dos principais atrativos naturais da Itália, sede de um parque nacional e nove parques naturais, além de abrigar o maior complexo de ski italiano, o Dolimiti Superski. No nosso percurso, paramos em alguns vilarejos. O destaque é Selva di Val Gardena, pequena comuna com menos de 3 mil habitantes. A cidade tem uma vista privilegiada das Dolomitas e tornou-se um famoso ponto turístico de inverno, sobretudo pelo seu complexo de ski Sellaronda.
A cidade de Selva di Val Gardena e outra bela vista das Dolomitas em Val di Funes (fotos: Wikimedia Commons, Wolfgang; e Shutterstock)
No retorno para a Lombardia, paramos em outro ponto onde a natureza mostra sua exuberância: Sirmione. Seu charmoso Centro Histórico fica numa península do Lago de Garda. Na cidade se destacam vestígios romanos e medievais, além de águas termais. Almoçamos lá, desfrutamos a tarde neste local e viajamos para Milão.
A cidade de Sirmione (foto: Shutterstock)
Em Milão, vamos explorar a capital da Lombardia e a segunda cidade mais populosa do país. Ela foi fundada no séc. 6 a.C. por uma tribo céltica até ser conquistada pelo Império Romano no séc. 3 a.C.. Com o passar dos séculos, Milão ganhou importância, até se tornar a capital do Império Romano do Ocidente por alguns anos. Depois, viveu domínios espanhol, austríaco e napoleônico, entre outros, e, hoje, é conhecida como o principal centro econômico e financeiro da Itália. No âmbito cultural, Milão aparece como a maior referência editorial do país e um dos vértices do circuito musical do planeta, graças à Estação Lírica do Teatro alla Scala. Como se não bastasse isso, a cidade ainda é um dos polos mundiais do desenho industrial e da moda.
Nosso passeio por essa metrópole multifacetada e cosmopolita começa pelo seu cartão-postal, o Duomo, situado na praça homônima, no centro da cidade, e dedicado à Santa Maria Nascente. Trata-se da maior igreja da Itália (descartando a Basílica de São Pedro, que se encontra no território do Vaticano). Começou a ser erguida no século 14 e ostenta arquitetura e decoração que abrange os estilos neoclássico, gótico internacional e neogótico. Vizinha ao Duomo, a Galeria Vittorio Emanuele II é um centro comercial coberto – um dos primeiros do mundo – que conecta a Praça Duomo à Praça della Scala. Foi construída entre os anos de 1865 e 1877 em estilo neorenascentista e sedia algumas das mais elegantes lojas da cidade.
A fachada do Duomo de Milão e a parte interna da Galeria Vittorio Emanuele II (fotos: Pixabay, Dimitris Vetsikas; e Shutterstock)
A poucos passos da galeria está o Teatro alla Scala, inaugurado em 1778 e uma das casas de espetáculos mais prestigiadas do mundo. Nos afastando um pouco do Centro Histórico da cidade, visitamos ainda o Castelo Sforzesco, um grande complexo fortificado erguido no século 15 em estilo gótico e renascentista pelo duque de Milão da época, Francesco Sforza. Durante os séculos 16 e 17, o castelo foi um dos principais centros militares da Europa. Hoje, funciona como sede de importantes instituições culturais e de museus. Nosso giro termina com um jantar num restaurante especializado em risotos, com destaque para o famoso e muito típico risotto alla milanese.
Teatro alla Scala e, abaixo, duas perspectivas do Castelo Sforzesco (fotos: 1- Wikimedia Commons, Wolfgang; 2- Wikimedia Commons, Gpaolo; 3- Pixabay, Pippocucu)
Nosso último dia de passeio coletivo traz uma viagem pelo interior da Lombardia. A primeira parada é Cremona. Localizada na Pianura Padana (Planície Padana), a cidade é muito conhecida no mundo pela produção artesanal de violinos e pela mostarda de Cremona. Lá, visitamos a Praça del Comune, com destaque para a sua catedral. Erguida no século 12 em estilo românico, ela foi restaurada e ampliada como gótica, com elementos renascentistas e barrocos.
O segundo destino desta nossa jornada é Mantova, um dos centros do renascimento italiano e europeu. Grande atração da cidade, o Palácio Ducale foi erguido no século 14. Cada duque que viveu lá adicionou uma ala nova para o lugar. Essa tradição resultou num edifício de 35 mil metros quadrados de área construída, algo que colocou o palácio na lista dos maiores da Europa. Ao todo, ele abriga mais de 500 cômodos e sete jardins.
A catedral de Cremona e a Praça Sordello e o interior do Palácio Ducale, em Mantova (fotos: 1- Flickr, Nina volare; 2- Wikimedia Commons, Carlos Alberto Magagnini; 3- Wikimedia Commons, Errem)
Quer saber mais detalhes do nosso roteiro pela Lombardia e Trentino-Alto Adige? Então clique aqui.
AS DUAS REGIÕES NO MAPA DA ITÁLIA
Lombardia e Trentino-Alto Adige
LOMBARDIA E TRENTINO-ALTO ADIGE EM VÍDEO
Lombardia
Uma viagem pelo alto por Milão
Trentino-Alto Adige
Uma viagem pelo alto pelas Dolomitas
LOMBARDIA E TRENTINO-ALTO ADIGE À MESA
Alguns sabores marcantes das duas cozinhas
Lombardia
Gorgonzola
foto: Wikimedia Commons, CostaPPPR
Queijo com veios esverdeados, interior de pasta mole e sabor forte, com notas que vão do doce, passando pelo amargo e picante. Assim pode ser definido um tipo de queijo muito conhecido dos brasileiros, o gorgonzola, que nasceu há séculos na Lombardia, mais especificamente numa cidadezinha chamada Gorgonzola (cerca de 30 quilômetros ao Norte de Milão). Hoje, a sua produção se estende pelas províncias de Brescia, Como, Cremona, Bergamo, Pavia, Lecco, Monza, Lodi e por algumas localidades do Piemonte. Em qualquer um desses lugares, o gorgonzola autêntico vem embrulhado numa folha metálica e traz a letra “G” destacada na embalagem. A excelência do produto tem o reconhecimento evidenciado pelo selo D.O.P. (Denominação de Origem Protegida). Na cozinha, entra no preparo de risotos, molhos, recheios de massas e no arremate de pratos como polentas.
Risotto con ossobuco alla milanese
foto: Shutterstock
Eis um prato que representa uma exceção no jeito de comer do italiano. Em geral, risoto configura um primo piatto e a carne é um secondo – ou seja, ambos são servidos em etapas diferentes da refeição. Mas o risotto con ossobuco é a combinação de dois símbolos da cozinha milanesa servidos no mesmo instante. O risoto típico local leva tutano de boi, caldo de carne e açafrão, que confere à receita um tom amarelo-ouro. Já o ossobuco é um corte extraído da perna do vitelo, preparado com osso, cozido longamente com legumes e vinho branco e finalizado com gremolata (mistura de raspas de limão, alho picado bem miudinho e salsinha).
Trentino-Alto Adige
Speck
foto: Pixabay, Richardthelion
Pouquíssimos são os ingredientes defumados considerados típicos da Itália. O presunto speck é um deles. Depois de salgado, temperado com zimbro, pimenta e ervas aromáticas, o pernil de porco é levemente defumado para, só então, passar pelo processo de cura por aproximadamente 20 semanas. Toda a preparação, que inclui momentos de exposição ao ar fresco dos vales do Tirol Meridional, confere ao produto características especiais e o selo D.O.P. (Denominação de Origem Protegida). A casca escura e firme protege o interior tenro e rosado do speck, que cai bem para rechear sanduíches e integrar outras receitas da cozinha da região.
LOMBARDIA E TRENTINO-ALTO ADIGE EM FILMES
Clique nas imagens para ter mais informações sobre os filmes
Um Encontro para Sempre (1995)
Filmado em Lierna, na Lombardia, a história se passa nos anos 30, pouco antes da Segunda Guerra Mundial. Na trama, Miss Bentley (Redgrave), uma inglesa de meia idade, perdeu há pouco tempo o pai e terminou um longo relacionamento com um homem casado. Ela, então, vai passar o mês de abril numa estação de férias na Itália, como faz todo ano, e, lá, conhece o Major Wilshaw (Edward Fox). Quando um romance entre os dois está prestes a surgir, aparece uma bela jovem americana (Thurman), que passa a flertar com Wilshaw por diversão. E começam os jogos de atração, mexendo de forma divertida com as emoções dessas pessoas.
Star Wars: Episódio 2 - Ataque dos Clones (2002)
Dez anos após a tentativa frustrada de invasão do planeta Naboo, Obi-Wan Kenobi (Ewan McGregor), Anakin Skywalker (Hayden Christensen) e Padmé Amidala (Natalie Portman) estão juntos novamente. Neste intervalo de tempo, Obi-Wan passou de aprendiz a professor dos ensinamentos jedi para Anakin. Na trama deste filme, ambos são destacados para proteger a agora senadora Amidala, que tem sua vida ameaçada por facções separatistas da República. Surge, então, um romance proibido entre Anakin e Amidala, pois os cavaleiros jedi não têm permissão para se apaixonarem. Quando eles se isolam em um retiro à beira de um lago em Naboo, cenários italianos entram na história. Apesar do exterior da casa em que ficam ter sido modificado por computação gráfica, as filmagens desse momento do filme foram realizadas na Villa del Balbianello, às margens do Lago Como, na Lombardia. O local é atualmente aberto aos visitantes, que chegam por Lenno, uma cidade vizinha. Na Villa, eles podem visitar o terraço que aparece no filme e desfrutar a mesma linda vista para o lago.
Uma Saída de Mestre (2003)
O filme tem muitas cenas rodadas na região de Trentino-Alto Adige, com destaque para o Lago Fedaia, próximo ao Regina delle Dolomiti (3.343 metros), um maciço que é parte das Dolomitas. Na trama, Charlie Croker é um criminoso que decide recuperar um cofre repleto de ouro, roubado por seu ex-sócio. Para isso, Croker conta com uma gangue formada pelo gênio da computação Steve, pelo piloto Handsome Rob, pelo especialista em explosivos Left Ear, pelo arrombador de cofres John Bridger e pela bela Stella Bridger. Extravagante, o golpe de mestre do grupo é recuperar o cofre em plena Los Angeles, criando o maior engarrafamento que a cidade já viu.
Restiamo Amici (2018)
Dirigido por Antonello Grimaldi e baseado no romance de Bruno Burbi, o filme foi gravado quase inteiramente em Trentino-Alto Adige, entre as cidades de Trento, Rovereto, Pergine Valsugana e Riva del Garda. Na história, Alessandro é um pediatra viúvo que leva uma vida monótona com o seu filho Giacomo. Um belo dia ele recebe uma carta do amigo Luigi, que mora há algum tempo no Brasil. O amigo escreve que está doente e pede ajuda. Quando Alessandro chega em Natal, descobre que a situação é bem diferente do que foi descrito. Lá, acaba aceitando a participação em um plano louco (e divertido) de Luigi para os dois colocarem as mãos em uma gorda herança.
LOMBARDIA E TRENTINO-ALTO ADIGE EM LIVROS
Morte Acidental de um Anarquista (Dario Fo)
Dario Fo foi um escritor e dramaturgo Italiano que ganhou o Prêmio Nobel da literatura em 1997. Morte Acidental de um Anarquista é uma de suas obras mais conhecidas e chegou, inclusive, aos palcos brasileiros. A história traz o caso real de um ferroviário anarquista acusado de realizar um ataque à Praça Fontana, em Milão. Ele é detido e levado a uma delegacia, onde cai de uma janela e morre. Um louco, detido pela polícia por falsa identidade – decorrência de sua doença de assumir outras personalidades –, acaba se passando por um falso juiz na investigação do caso do anarquista. Apesar de todos afirmarem oficialmente que o ferroviário caiu da janela, o louco vai enganando um a um até descobrir a verdade por trás dos fatos.
Os Noivos (Alessandro Manzoni)
Trata-se de um romance composto por cavalheiros, damas, heroísmo, amor e mentiras. Se passa em Milão e outras cidades da região Norte da Itália no século 17, durante a ocupação espanhola. O livro conta a história de Lucia e Renzo, dois camponeses que sonham em se casar. O inesperado é que existem pessoas ao redor deles contrários à união. Don Rodrigo, o senhor da aldeia, é um deles. Apaixonado por Lucia, ele proíbe o casamento. O padre, amedrontado por Don Rodrigo, decide não realizar a cerimônia, algo que obriga os noivos a fugirem e darem início a uma série de aventuras.
Resti? (Riccardo Bertoldi)
Na história desse livro, Irene é uma mulher recém-transferida para Nosellari, uma minúscula vila que parece sair de um contos de fadas. Lá, nos montes do Trentino, ela encontra Andrea, o amor de sua vida. Eles passam a crer que a conexão de ambos possui a força das montanhas e a sabedoria das árvores. Por isso, acreditam que ficarão juntos para sempre. No verão, os dois passeiam muito, passam noites em barracas no meio do bosque, contando segredos e lendo um para o outro. Mas, chegando o outono, Irene parte, deixando Andrea triste como as folhas na calçada. Andrea sabe que as coisas não morrem para sempre: se escondem, para depois florescer no momento correto. O amor, assim, requer coragem e fé. E se você ficar (restare), conseguir esperar, até a maior dor pode se transformar em uma flor esplêndida.
Alto Adige – Terra di Masi, Monti e Acque (Gianni Bodini)
Um guia para conhecer o Alto Adige, terra de montanhas onde vales, cumes e geleiras, moldados pela natureza ao longo de milênios, entram em harmonia com paisagens doces e convidativas criadas pelo homem. Trata-se de uma viagem por bosques, lagos alpinos, masi (propriedades rurais características da região) e hortas originadas do trabalho e da vida comum de homens e animais.
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